30 de jul. de 2010

A produção dos sons da fala


Olá, caro amigo(a)! Como vai você? A quantas anda vosso aparelho fonador?

Não conhece seu aparelho fonador?

Nunca viu na escola? Pôxa vida!

Isso deveria ser ensinado entre os estudos do aparelho digestivo, aparelho reprodutor, sistema nervoso e outros do tipo.

Bom, se estudou ou não o fato é que temos que estudá-lo para entendermos como funciona a produção dos sons na nossa fala; é o primeiro passo para entendermos como surge um fonema, nossa próxima matéria.

Em uma busca rápida na internet por aparelho fonador, podemos facilmente encontrar imagens como a seguinte:



Observe bem cada órgão e sua posição. Temos:
- Fossas nasais
- Palato
     * Abóbada palatina
     * Véu palatino
- Alvéolos
- Lábio superior
- Dentes superiores
- Dentes inferiores
- Lábio inferior
- Canal respiratório
- Língua
- Úvula
- Faringe
- Epiglote
- Laringe
- Pregas ou "cordas" vocais

Esta outra é um pouco mais “forte”; prepare o estômago. Mostra pregas ou “cordas” vocais reais no ato vibratório.





Bom, vamos ao trabalho. Mas antes, leiamos as palavras dele, Bechara:

“Nós não temos um aparelho especial para a fala; produzimos os fonemas servindo-nos de órgãos do aparelho respiratório e da parte superior do aparelho digestivo, que só secundariamente se adaptaram às exigências da comunicação, numa aquisição lenta do homem.” (BECHARA, 2005).

Tinha que ser ele pra acabar com a festa...

Brincadeirinha...

Evanildo Bechara é professor titular e emérito da UERJ e membro da Academia Brasileira de Letras. Nome importantíssimo para nossos estudos. Nessas palavras, o professor mostra que nosso aparelho fonador é resultado da evolução humana; o homem não o tem pronto e “programado” para a produção de fonemas; com a evolução, teve que aprender a produzi-los usando os órgãos possíveis.

Vamos aos sons. Para que possamos produzir som precisamos de ar passando por algum tipo de obstáculo e de uma caixa de ressonância; assim como o corpo oco de madeira do violão amplia o som gerado pela vibração das cordas no ar, nossa boca, nossas fossas nasais e nossa faringe ampliam e causam a ressonância do som gerado pela vibração das pregas vocais na glote.

O ar é a matéria-prima do som, sem ar não pode haver som, barulho, ruído, nada que estimule a audição. Isso mesmo, dizem que Star Wars é uma doidera; explosões, uma barulhera louca no espaço... vácuo... sem ar!!!

Nosso sistema respiratório se responsabiliza pela captação da matéria essencial ao som. Captemos, então, ar.

Muito bom. Aspiramos e prendemos o ar nos pulmões – ato normalmente silencioso por permitir a entrada de ar sem que este passe por algum obstáculo considerável. Não é comum, principalmente no Português, produzirmos som na aspiração, mas eles existem em algumas línguas. Vale apena deixar exposto que o beijo é um dos nossos raros “sons” que são produzidos no momento em que se aspira o ar. Na próxima vez que for beijar, ou mandar um beijo, emita um som bem alto e perceba que foi produzido com a entrada de ar através de um obstáculo: os lábios comprimidos em uma outra superfície. Fica um desafio: procure outros sons possíveis em um enunciado produzidos num momento de entrada de ar no aparelho fonador.

Agora é hora de escolher qual tipo de som queremos produzir no momento da expiraçãoato normalmente sonoro no momento da fala por permitir a passagem do ar sendo que este passe por algum obstáculo criado pelo nosso já conhecido aparelho fonador. Nesse momento, em que o ar escolhe se sai pela cavidade bucal ou nasal, nos servimos de uma grande variedade de sons possíveis. Para exemplificar, trago dois bem comuns:

              /b/ = leve explosão de ar causada pela abertura dos lábios logo após uma rápida vibração das pregas ou “cordas” vocais.

              /p/ = leve explosão de ar causada pela abertura dos lábios sem que haja nenhuma vibração das pregas vocais.

Percebe-se que alguns sons são sonoros e outros são surdos.

Os sonoros (ou vozeados) são produzidos quando posicionamos previamente a glote de maneira que as pregas vocais se mantenham fechadas. Uma vez fechadas, formam o primeiro obstáculo encontrado pelo ar expelido que faz com que elas vibrem. Eis aí o ar transformado em som; só precisa agora ser modulado pelos demais componentes do nosso aparelho para formar o som desejado (fonema).

Vale aqui uma coisa curiosa: as notas musicais se diferenciam exatamente pela diferença na quantidade de vibrações em um determinado tempo. A capacidade de cantar é isso, o controle da glote e a modulação da quantidade de ar que passa pela mesma fazendo-a vibrar de acordo com a nota desejada. Quanto maior a frenquência de vibrações, mais aguda será a nota. Só pra completar a informação curiosa: a nota mais alta de um piano é produzida por uma corda que vibra pouco mais de 4000 hertz (4000 vibrações por segundo); e há registros de cantores profissionais que alcançam notas próximas dessa altura sem muita dificuldade. Imaginem uma cantora soprano emitir notas próximas de um dó7, que vibra nessa faixa, significa que sua glote faz as pregas vocais vibrarem quase 4000 vezes por segundo. Isso é perfeitamente possível. Na fala normal que praticamos durante nosso dia, em média, nossa glote faz nossas pregas ou “cordas” vocais vibrarem entre 900 e 1000 vezes por segundo. A faixa da voz humana fica entre 70 e 1300 hertz (70 e 1300 vibrações por segundo!). Que aflição!

São sonoros os sons de /v/, /z/, /b/, /d/, /g/, /m/ etc.

O sons surdos são produzidos de uma maneira diferente. A glote premanece relaxada e deixa o ar passar sem que as pregas vocais vibrem, entendem? Os principais obstáculos para os sons surdos se encontram nos demais componentes do aparelho: - Fossas nasais - Palato - Alvéolos - Lábio superior - Dentes superiores - Dentes inferiores - Lábio inferior - Canal respiratório - Língua - Úvula - Faringe - Epiglote - Laringe - Pregas ou "cordas" vocais.

São surdos os sons /x/, /s/, /f/, /t/ etc. Veremos todos com detalhes na próxima matéria: FONEMA.
Bem, caros, deu pra ter uma noção de como produzimos o som que sai da nossa cavidade bucal e nasal, não foi? Se precisarem de mais informações sobre a matéria, entrem em contato e prometo que tentarei completar, ok?

A próxima matéria será FONEMA. Em breve, conversaremos sobre tal tema.

Abraço, e até lá!

2 comentários:

  1. Olá meu querido colega-letrado :) já estou te seguindo e seu blog está nos meus Favoritos, assim como eu estou aqui no seu :) hehe Bjkas e vê se deixa pelo menos um comentariozinho por lá né!

    "Toda a gente é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo.
    Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada"
    Oscar Wilde

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  2. Anônimo7/9/10 15:32

    Olha esse foi o melhor até agora, muito pertinente esse post Fá, muito mesmo^^
    beijoooo

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